Agora,
pensando bem, os sonhos com os bebês monstros que a levavam pra longe fazem
sentido. Comprimi meus olhos por um momento para que não caíssem mais lágrimas.
O garçom chegou com a outra cerveja e eu comecei a tomá-la.
- Justin? – ouvi alguém atrás de mim.
- Eu. – disse sem me virar para ver
quem era.
Mas não foi preciso, em questão de
segundo um cara apareceu na minha frente. Ele me era familiar, mas não sei
de onde. Fiquei o olhando por um momento.
- Não está se lembrando de mim,
certo? – ele perguntou puxando a cadeira e se sentando em minha mesa.
- Não. – disse antes de tomar outro
gole de cerveja.
- John. Da viajem do trem...lembra? A
gente se odiava? Eu gostava da Brooke...
- Ah...lembrei. – disse não muito
feliz.
- É bom te ver também. – ele disse
antes de tomar um gole de sua cerveja, que só agora percebi que estava com ele.
- É... – disse sem muito interesse.
- O que aconteceu? Você ainda ta com
a Brooke?
- To. – disse com a voz amarga.
- Brigou com ela, né?! Dá pra nota.
Qual o motivo?
Eu precisava desabafa, não importa
com quem fosse. Então resolvi contar toda a história pra ele. Ele pareceu
surpreso com tudo.
- Meus pêsames. – ele disse –
Mas...ela não disse que é um risco?
- Um risco que eu prefiro não correr.
Eu...eu não posso. – disse bebendo a cerveja.
- Existem exames, médicos...faça seu
possível para saber mais sobre isso. E o mais importante...esteja ao lado dela.
Ela deve tá assustada. Pra ela deve ser difícil porque ela sabe que tem o risco
de morrer, mas não quer matar a vida que está dentro dela. – ele me fez pensar
bem sobre isso.
- Tem razão.
Quando
cheguei em casa, a encontrei encolhida no chão do quarto do bebê. Ouvi o barulho
de seu choro, sabendo então que ela estava acordada. Estava tudo escuro e o
local estava frio. Eu tirei os sapatos na porta e caminhei até ela. Me deitei
no chão e a abracei. Lhe dei um beijo na cabeça e a envolvi em meus braços.
Ela se assustou um pouco, pois não
deve ter notado que eu havia entrado. Ela se virou pra mim e ficou me olhando.
Olhar no fundo de seus olhos não me deu escolha. Comecei a chorar muito. A
abracei escondendo meu rosto em seu ombro.
- Eu não quero te perder. - disse.
- Você não vai, meu amor. Não vai. – ela disse também chorando e me
abraçando.
Ela passou as mãos em meu cabelo
fazendo com que eu sentisse algo que estava em seu pulso. Me afastei rápido e
peguei seu pulso em minha mão para ver o que havia acontecido, temendo o pior.
- O que é isso? – perguntei.
- Eu...fiz uma tatuagem. – ela deu um
risinho.
Me levantei rápido para ligar a luz e
ver o que ela havia feito.
- Eu fiz ela em homenagem ao que você
fez por mim. – ela disse segurando o pulso.
Me ajoelhei e peguei o seu pulso em
minha mão e vi por de baixo do plástico a tatuagem. Eram contagens de batimento
cardíacos e no meio havia um coração. Estava feito bem no local onde fiz meu
corte. Eu não tive como não sorrir. Puxei seu rosto e a beijei. Mas tive de
parar o beijo, pois uma dúvida passou a me consumir.
- Mas...você não está grávida? –
perguntei.
- Estou. – ela confirmou.
- Então...fez uma tatuagem?
Mas...grávidas não podem...
- Eu sei. Foi um acidente. É que a
Ashley quis ir fazer a tatuagem hoje e eu acompanhei ela e acabei fazendo essa.
Depois fomos almoçar e eu acabei passando mal. Eu vomitei e a Ashley ficou
assustada e insistiu em me levar ao hospital...lá eu descobri que estava
grávida. E descobri sobre o risco também. Mas...é só um risco meu amor. Não é
100%.
- Olha...vamos a médicos, vamos
fazer exames, vamos fazer de tudo para que eu tenha duas vidas para amar.
Mas...caso essa criança nasça e...você se vá... – engoli em seco – Eu prometo
que vou cuidar do nosso bebê. Por você! – disse e deixei uma lágrima escapar.
Ela sorriu, começou a chorar também
e depois me puxou para um beijo, só que parei o beijo de novo.
- Outra dúvida. – disse.
- Diga.
- Mas se você tá grávida, e não pode
fazer tatuagem, mas fez a tatuagem...e aí?
- A médica disse que o maior risco
seria se o tatuador não fosse higiênico, mas fomos em um lugar bom. Era
arrumado, higiênico e tudo mais.
- Ah tá...Vamos nos beijar de novo. –
disse lhe arrancando um sorriso.
Voltamos a nos beijar por um tempo e
assim que paramos ficamos nos olhando chorando e sorrindo ao mesmo tempo.
Depois virei meu olhar para sua barriga.
- Quantos meses? – perguntei.
- Três. – ela disse passando a mão na
barriga.
- Que linda. – coloquei minha mão
sobre a sua arrancando dela outro sorrisinho – Quero que venha um campeão
primeiro, pra depois vir uma princesinha. Mas se vier uma princesinha também,
serve!
- Qual seria o nome?
- Se for menino...vai ser Brócolis.
- Brócolis? – ela levantou a
sobrancelha.
- É...e a outra vai ser...Queijo. Em
sua homenagem! – fiz ela rir.
- Eu te amo.
- Eu também te amo, meu amor. E...eu
te fiz promessas. A primeira era uma casa, confere. A terceira um filho,
confere. E a segunda...bem, não sabemos o que pode acontecer depois que esse
bebê nascer, mas eu prometi e quero cumprir todas as promessas. – tirei do
bolso um pequeno saquinho, o abri e deixei o pequeno anel dourado cair na palma
de minha mão – Brooke...quer se casar comigo?
Primeiramente ganhei um grande
sorriso. Depois...a resposta:
- Sim.
Lhe beijei no mesmo segundo e após
soltá-la, coloquei o anel em seu dedo e disse:
- Confere. – ela sorriu novamente.
(7 meses
depois)
Eu olhava para aquela pequena
pessoinha no berço. Jake está fazendo um mês hoje. Ele é um garotão forte e
bonito...como o pai é claro. Passei a mão em sua cabeça e ele sorriu... Aquele
sorriso me lembrou o de Brooke. Uma lágrima escorreu por meu olho e caiu na
bochechinha de Jake, que gargalhou e me fez abrir um sorriso. Limpei a lágrima
de sua bochecha e o peguei no colo.
- Por que você está rindo, seu
animalzinho? – perguntei com uma voz tosca – Você fez aquele escândalo só pra
me acordar? – o levei pra cozinha, peguei a mamadeira que eu já havia aquecido
e peguei uma cerveja.
O levei para sala e me sentei na
poltrona o deitando em meu colo, com sua cabeça apoiada no braço do sofá.
Liguei a TV no jogo. Coloquei a mamadeira na boca de Jake e com a outra mão
peguei minha cerveja. Tinha que prestar a atenção nele para que ele não
engasgasse ou cuspisse o leite.
O leite acabou, a cerveja também, e
percebi que Jake havia dormido em meu colo. O sono ainda não havia me atingido,
então continuei ali. Depois de uns 20 minutos, meus olhos começaram a fechar
bem devagar, até que...
- JUSTIN.
Eu acordei assustado, peguei Jake no
colo e me levantei rápido me virando pra trás.
- Ah…Brooke…Você me assustou. –
reclamei aliviado.
- Por que Jake está aqui e não está
no berço? – ela parecia brava e se aproximou para pegar Jake.
- Ele tinha acordado. – disse me
afastando.
- Justin, me dá ele. – ela pediu
brava.
- Me obrigue.
- Pra quem não queria filho, né...
- Eu pensei que você ia morrer.
- Mas não morri.
- E isso é ótimo.
- Pera aí, por que estamos brigando
mesmo?
- Não sei. Você que começou.
- Ah é...você é um bêbado fanático
por futebol.
- OPA, OPA...eu bebi só uma e por
causa que o presunto me acordo.
- Para de chamar o menino de
presunto.
- Ué, filho de queijo e de pão, é o
que?
- Desde quando você é pão?
- Antigamente, quando as meninas iam
falar que o garoto era bonito falavam que ele era um pão. – fiz ela rir e vir
atrás de mim.
- Ai meu Deus. – ela disse me
seguindo enquanto eu rodeava o sofá.
- Espera só até nascer a manteiga.
- Justin, me dá meu filho, por favor.
– ela pediu rindo.
- NOSSO filho. – disse indo até ela e
lhe passando Jake devagar.
- Ele é lindo. – ela reparou.
- Claro, é seu filho. – lhe dei um beijo na
bochecha.
- Eu te amo. – ela disse sorrindo.
Como eu adoro esse sorriso.
- Eu também meu amor. – lhe puxei
para um selinho – Pra sempre!
FIM.