Mine. Capítulo 3.

    - É. – ele disse como se estivesse em dúvida do que dizer.
    - Desculpa, mas eu tenho que trabalhar, se não meu chefe...
    - Ele tá aqui agora?
    - Não, mas...
    - Você tá atrasada com algo?
    - Não, mas...
    - Fica aqui então. – fiquei sem-graça.
    Ele sorriu parecendo reparar na minha timidez.

    (Justin narrando)
    Eu costumo ser mais tímido com as garotas e tudo mais, mas Daph era diferente. Eu preciso dela pra mim. Acho que isso é o tal de “Amor a primeira vista”.
    - Tudo bem, então, deixe eu fazer o interrogatório agora. – ela disse.
    - Ok. Tem interesse em mim? – perguntei esperando por um “Claro”.
    - Não, só que...sou curiosa. – ela disse.
    - Então...vá em frente.
    - Ok. Então...tem namorada?
    - Acha que se eu tivesse uma namorada eu acordaria às 7 horas da manhã no domingo pra vir aqui? – fiz ela rir.
    - Então não acorda a esse horário por causa do despertador doido e porque tem preguiça de fazer seu café da manhã?
    - Até ontem sim. Mas hoje... – mordi o bolinho novamente.
    Acho que estou sendo direto demais. Eu to quase que gritando “Eu te quero pra mim”.
    - Você é engraçado. – ela disse rindo.
    - Gosta de rir? – perguntei sorrindo.
    - Gosto. – ela disse.
    - Ótimo. – disse e dei um gole no café.
    Ela riu novamente. De repente ouvimos alguém a chamando da cozinha.
    - Vou indo. – ela disse.
    Ela estava com a mão em cima do balcão. Quando ela ia tirá-la, eu coloquei a minha em cima da dela.
    - Vai demorar?
    - Não sei. – ela disse.
    - Tudo bem. – tirei minha mão da dela.
    Ela deu um leve sorrisinho e saiu dali. Ela demorou. Então, peguei o mesmo tanto de dinheiro que usei para pagar o café de ontem e deixei sobre o balcão. Eu esperaria, mas eu preciso fazer uma coisa.

    (Daphne narrando)
    - Erick, deixa eu ir. Já te ajudei bastante. – disse impaciente para ver Justin de novo.
    - Mas, eu...
    - Pode arrumar o resto dos biscoitos não?
    - Tá. Vai logo. – ele me liberou.
    Fui em um passo rápido pro balcão, mas infelizmente, ao chegar lá não o vi. Vi apenas uma nota em cima do balcão. Olhei ao redor na cafeteria, mas não o vi. Erick chato.
    Pelo resto do dia eu não o vi. Então é isso? Ele vai vir aqui todos os dias, tomar um café e ir embora?! Ok, calma. Nós...só conversamos. Ele só quer...conversa. É difícil de acreditar com as conversar que já tivemos.

    (Justin narrando)
    Eu liguei para Chris, o mais equilibrado dos meus amigos e pedi ajuda. Depois que comecei a trabalhar eu meio que mudei radicalmente. Eu adorava ir pras festas e baladas pra ficar com as garotas e beber, mas agora...eu sou mais tímido e quieto. Mas, com a Daphne tá sendo diferente, eu to indo rápido demais e sem medo nem nada. Mas isso pode ser ruim, pois posso deixá-la desconfortável ou posso até assustá-la. E é a última coisa que quero.
    Segundo Chris, estou indo rápido demais e devo deixar de ir uns dois dias na cafeteria, só que me conhecendo bem, não vou conseguir. Quer saber?! Acho que não estou indo rápido. Tudo bem que quando nós conversamos, conversamos como se fossemos vizinhos ou...sei lá.
    Eu ligaria pra minha mãe, mas ela diria que comecei errado, to fazendo errado e que é por isso que até hoje eu não me casei. Como se eu precisasse me casar aos 24.
    Hoje passei o dia todo fazendo pesquisas pro trabalho, assistindo TV e mexendo no computador.
    Ao dormir, tive um sonho. Um sonho com a Daphne. Eu só sei que acordei com vontade de vê-la, mas hoje é segunda e ela deve estar na faculdade. Então, me arrumei e fui direto pro trabalho.

    O trabalho, pelo período da manhã foi cansativo, mas no horário do almoço foi mais relaxante, pois o assunto é ela.
    - Então, esbarrou com uma menina na balada, descobriu que ela trabalha como garçonete e agora vai todo dia no Starbucks pra vê-la? – perguntou Chris.
    - Aham. Ela é muito gata, cara. Ela tá fazendo faculdade de Arquitetura e parece ser toda fofinha. É simpática com todos os clientes e...
    - Wow. Toma cuidado! Não é daquelas garotas falsas, né?! Porque garçonete e atendentes de lojas costumam ser simpaticazinhas pra você voltar lá todos os dias. E tá funcionando com você.
    - Não, cara. Ela é diferente. Eu sei que é.
    - Só to dizendo que acho melhor conhecê-la para que tenha certeza do tipo de garota que ela é.
    - Ela é linda.
    - Pode até ser, mas...
    - Tenho uma foto. – disse pegando o celular.
    - Mas que tipo de garota... – mostrei a foto – Caraca.
    - Linda, né?!
    - Bem bonita mesmo. Mas mesmo assim...
    - Olha os olhos dela.
    - São bonitos, mas...
    - Chega de “mas”, cara. Por favor. Eu...vou conhecê-la melhor antes. Um dia pretendo chamá-la pra sair e conversar com ela e...essas coisas. Mas vou fazer isso devagar.
    - Ah, vai fazer isso depois de gastar todo seu salário com café?
    - Não. Eu...acho. – disse sem saber o que faria.
    - Sabia. Você é um mané.
    - Fica quieto, otário. – respondi.
    Continua...