Criminal. Capítulo 2.

    - Tem certeza que tá tudo bem, minha filha? – meu pai perguntou me sentando na mesa da cozinha.
    - To sim, pai. – disse tentando tranquilizá-lo.
    - Aqui, querida. – minha mãe me passou uma xícara de chá, sendo que eles que estavam precisando.
    - Ele te roubo? – meu pai perguntou.
    - Roubo e me bateu. Só que aí...
    - Aí o que? – minha mãe pergunto ansiosa.
    - Apareceu um garoto. Ele enfrento o cara e me ajudou a chegar aqui em casa.
    - Quem é esse garoto? – perguntou me pai.
    - Eu não sei, pai. Eu não sei o nome dele, nem nada. Tudo que sei é como é o rosto dele e...esse casaco. – tirei o casaco e o estendi em meu colo.
    - É dele? – minha mãe perguntou.
    - É sim. Assim que o assaltante foi embora e eu pedi ajuda dele pra me trazer pra cá, ele notou que eu tava tremendo e me deu o casaco.
    - Minha filha, devia pelo menos ter o chamado pra entrar, para nós agradecermos e...
    - Eu perguntei como podia agradecer, mas ele saiu correndo. Pelo que eu entendi a mãe dele tava brava por ele ainda não estar em casa. E...vamos esquecer isso agora. Eu quero dormir. Eu...preciso. – pedi.
    - Tudo bem. – minha mãe deu um meio sorriso.
    - Se você se sentir mal, nos acorde. – meu pai disse.
    - Tudo bem. – disse – Boa noite. – subi as escadas até meu quarto.
    Eu escovei os dentes, coloquei um pijama quentinho e quando estava prestes a me deitar vi o casaco do menino em cima da minha mesinha. Fui até ele e o levei pra cama comigo. Aquilo não é normal, mas aquele era o casaco do meu herói. Eu o levei pra dormir comigo. Desliguei a luz do meu abajur e coloquei o casaco perto do rosto. Era cheiroso.

    (Justin narrando)
    Entrei em casa e como já imaginava, levei uma bronca da minha mãe. Tentei novamente explicar o que aconteceu, mas ela não acreditou em mim. Então fiz o que ela odiava, mas que me salvava, fui dormir. Ao me deitar me lembrei do que aconteceu agora a pouco. Como será que ela está agora? Vou vê-la outra vez? Por que estou me perguntando isso? Era só uma garota e foi só uma gentileza o que eu fiz.

    (Penny narrando)
    Agora de manhã eu levantei cedo e resolvi dar uma volta pela cidade. Ainda estava meio traumatizada pelo o que ocorreu ontem, mas já tá de manhã. Eu tomei banho, coloquei um short, uma bata e um all star. Amarrei o cabelo em um rabo de cavalo alto e peguei um livro. Fui até a cafeteria, e após pegar um café fui para o parque. Me sentei debaixo da sombra de uma árvore e comecei a ler meu livro enquanto tomava meu café.

    (Justin narrando)
    Eu estava no parque com o Ryan, estávamos ali apenas conversando sobre coisas que os outros garotos do grupo não podiam saber.
    - Sabe que...as vezes não me sinto bem com isso. – disse à Ryan.
    - Com o que?
    - Por que a gente pega esse dinheiro mesmo? Quer dizer, eu não preciso.
    - Cara, a gente não é assim. Mas lembra o que acontecia antes? Nós éramos aquele garoto, nós éramos roubados...se a gente não tivesse feito algo sobre isso, ainda seriamos nós.
    - É. – disse olhando em volta.
    De repente, algo me chamou a atenção. Havia uma garota debaixo da árvore. Era ela? Não. Não é. E se fosse? Qual seria a diferença? Eu baixei a cabeça.
    - Qual é, cara? Tá estranho.
    - Ontem aconteceu um lance, cara. Mas não conta pros caras, se não eles vão me zoar pelo resto da vida.
    - Fala. – Ryan pediu.
    - Ontem, eu tava indo pra casa e tinha um cara assaltando uma garota. E eu, o idiota, fui ajudar. A garota era muito gata e eu ajudei ela a ir pra casa também, só que...
    - Nem pense em dizer isso pra eles. Eles com certeza vão te zoar. Lembra quando eu ajudei uma garota com o gatinho?
    - Lembro. – disse rindo me lembrando das piadas.
    - Você fez a maioria das piadas, otário. – ele disse me dando um murro no ombro.
    - Eu sei. – disse rindo mais.
    - Com licença. – ouvi uma voz feminina.
    Quando olhei pra frente a vi. Minha expressão deve ter ficado esquisita, porque logo Ryan pediu licença e saiu dali. Eu me levantei ficando de frente pra garota e disse:
    - Oi.
    - Você que me salvou ontem? – ela perguntou.
    - Creio que sim. – disse.
   Ela sorriu e me abraçou. Eu não a abracei de imediato, mas aos poucos fui aceitando a demonstração de afeto daquela estranha que não sai da minha cabeça sem um motivo aparente.
    - Muito obrigada. – ela disse ainda me abraçando.
    - Não...não foi nada. – disse enquanto ela me soltava do abraço.
    - Claro que foi. Você me salvo e ainda me levou pra casa ontem. Eu fiz você brigar com sua mãe e...
   - Ow, ow...minha mãe é meio nervosa comigo mesmo. Ela...é meio desconfiada comigo.
   - Por que? – ela perguntou sem demonstrar curiosidade, mas querendo saber aquilo.
   - Não sei. – menti.
   - Enfim...tem algum jeito de eu te agradecer? Ah, eu também acabei ficando com seu casaco, eu posso trazer de volta e...
    - Não se incomode comigo. – disse com um meio sorriso.
    - Ah...tudo bem. – ela disse e depois de um breve silêncio ela pediu – Posso ao menos saber o seu nome?
    - Meu nome é Justin. – vi um sorriso se formar no rosto dela.
    - Justin. Legal. Eu...acho melhor eu ir porque...eu vou ficar enchendo seu saco perguntando como agradecer e eu não quero e...
    - Quer sair comigo? – perguntei sem pensar.
    Continua...