Criminal. Capítulo 14.

    - Para de falar besteira, Penny. – ele disse pegando seus tênis.
    - Então porque você apenas não responde, caramba? – ele se levantou e veio até mim – É tão difícil assim dizer o porque de uma simples coisa como essas Justin? Não, não é. Por que você insiste em ficar quieto e não falar nada? Pra me deixar louca né?! Porque...
    - Olha, a baixinha tá com raiva.
    - E você não imagina o quanto.
    - Penny, você é a pessoa mais fraca e frágil que eu conheço. Por isso que eu vou com você, porque você não pode tropeçar que você fica internada.
    - Cala a boca. – disse brava passando por ele.
    Ele puxou minha mão e fez eu dar meia volta.
    - ME DEIXA EM PAZ. – gritei, soltei minha mão da dele e me virei para ir embora.
    - Penny, onde você vai? – ele perguntou.
    - Pra um lugar bem perigoso.
    - Pe-penny, volta aqui. – ele pediu nervoso.
    - E NÃO ME SEGUE. – gritei antes de bater a porta da casa dele.
    Eu realmente preciso ir para um lugar bem perigoso. Eu to radical agora. Que lugar seria perigoso o bastante?!

    Eu fui para perto de um bar. Ele ficava numa esquina de bairro pobre e desorganizado. O asfalto quebrado na frente do bar possuía dois homens bêbados sentados nele. Eu me aproximei, com medo, mas me aproximei.
   - Olha só esse filezinho. – disse um dos caras, que me parecia ter uns 25 a 30, tão novo.
    - Essa aí eu comia e ainda rapava o prato. – disse o outro que já tinha uma aparência mais velha.
    - Calem a boca. – disse como se não houvesse amanhã, pelo fato da minha coragem repentina.
    - Olha só, a gatinha ta arisca. – disse o mais velho.
    - Deixa eu amansar ela. – o mais novo se levantou com a garrafa de cerveja na mão e veio até mim.
    Eu recuei um passo e não me sentia mais corajosa. O que eu tava fazendo?! Por que eu vim pra cá?! Não era mais fácil aceitar os fatos de que sou uma fraca?! E agora?!
    - Que foi? Já tá mansa, tá?! – perguntou aquele bêbado.
    Eu tentei recuar novamente, mas ele me puxou com força pelos braços. O bafo de álcool era forte e me dava náusea, por isso fechei meus olhos. Ferrou, eu vou morre. Eu vou morre. Senti o cheiro de álcool mais próximo. Adeus mundo, adeus pais, adeus amigos...adeus Justin.
    - ARRR. – o bêbado gritou.
    Eu cai no chão. Ao abri os olhos encontrei Justin em cima do bêbado, o batendo.
    - NUNCA...TOQUE...NELA. – ele dizia entre socos.
    - JUSTIN PARA. – eu disse puxando ele de cima dele.
    - NUNCA...MAIS. – ele continuava batendo nele.
    - PARA JUSTIN. – o empurrei pro lado.
    O bêbado se levantou e saiu correndo mancando com o seu amigo. Após ver aquela cena eu virei meu olhar para Justin. Ele me olhava irritado enquanto respirava ofegante. Ele se levantou, me puxou do chão e enquanto segurava meu braço forte me levava em direção à um carro preto.
    - Justin tá machucando. – reclamei.
    Ele afrouxou a mão, mas me pôs dentro do carro e fechou a porta com força. Ok, eu não morri por causa do bêbado, mas vou morrer por causa do meu namorado...namorado?!
    Ele entrou no carro, o ligou e dirigiu rápido saindo dali. Ele dirigia rápido e em silêncio. Eu tinha medo de falar com ele, pois não sabia o que estava por vir. Até que ele parou o carro na entrada da minha rua, mas um pouco distante de minha casa. Ele encarou um pouco o volante e depois virou para mim.
    - Justin... – tentei dizer.
    - Você entendeu o que eu quis dizer? AGORA ACREDITA QUE VOCÊ NÃO SABE SE DEFENDER? Penny, eu só quero te proteger. Eu não quero te provocar nem nada. Apenas te proteger. Mas parece que você precisa passar por uma situação dessas pra perceber que não é capaz. – ele disse rígido.
    Eu não aguentei. Tentei segurar, mas comecei a chorar. Eu encarava minhas pernas enquanto isso. Justin estava em silêncio.
    - Eu sei que eu errei. Eu sei que não consigo me defender, mas você falando assim comigo faz com que eu me sinta uma inútil, incapaz e dependente. – disse entre soluços enquanto chorava.
    Eu pus minhas mãos no rosto e Justin continuou em silêncio. Ele deve estar me achando ridícula. Ele vai querer terminar comigo.
    - Penny. – ele começou mais tranquilo – Eu te conheci enquanto estava sendo assaltada. Eu sei o que esse tipo de gente pensa, eu sei o que eles querem e são capazes de fazer. Você não é inútil, incapaz ou dependente. Pelo contrário. Você só não consegue se defender...e é por isso que eu quero ficar por perto, te acompanhar em casa... Não é porque você seja fraca, mas só porque eu quero te proteger.
    - Eu tinha pedido pra você não me seguir.
    - Mas eu segui. E se eu não tivesse seguido eu nunca me perdoaria. Aquele cara não ia só te beijar, Penny.
    - Não ia?! – o olhei curiosa.
    - Tá vendo por que a chamo de ingênua? Você é tão otimista. O mundo pra você não é perigoso.
    - E eu nunca precisei me preocupar, pois nunca aconteceu nada e agora eu tenho você.
    - É...você tem a mim.
    - Como você sabe o que eles pensam?
    Continua...